As doenças cardiovasculares representam, há décadas, a principal causa de morte no mundo, sendo responsáveis por mais de 18 milhões de óbitos anuais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, os dados seguem essa tendência, com milhares de mortes anuais decorrentes de infarto, AVC e outras complicações cardíacas.
Mas o que, de fato, compreende as doenças cardiológicas? E como podemos preveni-las ou tratá-las de forma eficaz?
O que são doenças cardiológicas?
Doenças cardiológicas são condições que afetam a estrutura e/ou a função do coração e dos vasos sanguíneos, comprometendo o sistema cardiovascular como um todo. Elas podem ser agudas ou crônicas, assintomáticas ou sintomáticas, e muitas vezes evoluem de forma silenciosa, sendo descobertas apenas após um evento grave.
As principais doenças cardíacas incluem:
- Doença Arterial Coronariana (DAC)
- Ocorre quando as artérias do coração ficam estreitadas ou obstruídas por placas de gordura (aterosclerose), o que pode levar ao infarto do miocárdio.
- Fatores como hipertensão, dislipidemia, tabagismo, diabetes e sedentarismo são os principais contribuintes.
- Insuficiência Cardíaca (IC)
- Condição em que o coração não consegue bombear sangue de forma adequada para suprir as necessidades do corpo.
- Pode resultar de infartos prévios, cardiopatias valvares, hipertensão não controlada ou miocardiopatias.
- Arritmias Cardíacas
- Alterações no ritmo ou frequência dos batimentos cardíacos. Podem ser benignas ou potencialmente fatais, como a fibrilação atrial (FA) ou taquicardia ventricular sustentada.
- Em alguns casos, requerem o uso de marcapasso ou desfibrilador implantável.
- Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
- Pressão arterial persistentemente elevada. É o principal fator de risco modificável para diversas complicações cardiovasculares, como AVC e infarto.
- Doenças das Valvas Cardíacas
- Estenoses ou insuficiências valvares que afetam o fluxo de sangue dentro do coração, exigindo monitoramento e, em alguns casos, cirurgia ou implante valvar percutâneo.
- Doenças congênitas do coração
- Alterações estruturais presentes desde o nascimento, que podem variar de leves a complexas, exigindo intervenções precoces.
- Miocardiopatias
- Doenças do músculo cardíaco, podendo ser dilatadas, hipertróficas ou restritivas, e associadas a risco de insuficiência cardíaca e morte súbita.
- Pericardiopatias
- Inflamações ou acúmulo de líquido no pericárdio (membrana que envolve o coração), como na pericardite aguda ou no derrame pericárdico.
Por que as doenças cardiológicas são tão prevalentes?
O estilo de vida moderno contribui significativamente para o surgimento dessas doenças:
- Alimentação rica em ultraprocessados e gorduras saturadas
- Sedentarismo
- Estresse crônico
- Consumo excessivo de álcool e tabaco
- Aumento da obesidade e do diabetes tipo 2
Além disso, a longevidade crescente da população faz com que as doenças cardíacas – muitas vezes de caráter degenerativo – se tornem mais frequentes com o avançar da idade.
Diagnóstico e acompanhamento: o papel do cardiologista
A avaliação cardiológica é essencial para:
- Identificar precocemente fatores de risco
- Diagnosticar condições cardíacas antes que provoquem sintomas
- Estabelecer o tratamento mais adequado (clínico, intervencionista ou cirúrgico)
- Reduzir mortalidade e aumentar a qualidade de vida
Ferramentas diagnósticas como eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma, teste ergométrico, holter, mapa 24h, ressonância cardíaca e cateterismo são utilizadas conforme o quadro clínico de cada paciente.
Prevenção: a chave para a saúde do coração
Grande parte das doenças cardiológicas é prevenível. Estratégias baseadas em mudanças no estilo de vida são poderosas e comprovadas pela literatura:
- Alimentação saudável, com ênfase em vegetais, frutas, grãos integrais e gorduras boas
- Prática regular de atividade física
- Controle do peso corporal
- Cessação do tabagismo
- Controle rigoroso de pressão, colesterol e glicemia
Estudos como o INTERHEART e o Lyon Diet Heart Study reforçam a eficácia de intervenções não farmacológicas na redução de eventos cardíacos e até mesmo na reversão da aterosclerose.
Conclusão
As doenças cardiológicas compõem um espectro amplo e, muitas vezes, silencioso. A boa notícia é que, com prevenção, diagnóstico precoce e acompanhamento adequado, é possível viver mais e melhor com saúde cardiovascular. A consulta regular ao cardiologista não deve ser apenas após um sintoma – ela é um passo essencial na promoção da saúde e na prevenção de complicações graves.