Prevenção Primária: Cuidando do Coração Antes do Problema Aparecer

Prevenção primária em cardiologia: hábitos saudáveis para evitar doenças cardíacas

A medicina moderna avança cada vez mais em tratamentos sofisticados para doenças do coração, como infartos, arritmias e insuficiência cardíaca. No entanto, a maior arma contra essas doenças ainda é a prevenção — especialmente a chamada prevenção primária.

Mas o que isso significa, na prática?

O que é prevenção primária?

Na cardiologia, a prevenção primária é o conjunto de ações destinadas a evitar que a doença cardiovascular se instale, mesmo antes que o paciente apresente sintomas ou diagnóstico prévio.

Ou seja: trata-se de atuar antes do primeiro evento cardiovascular (como infarto, AVC ou angina), identificando fatores de risco e adotando medidas para reduzi-los.

Isso se diferencia da prevenção secundária, que foca em evitar a progressão ou novas complicações após um evento cardíaco já ocorrido.

Por que a prevenção primária é tão importante?

Porque a maioria das doenças cardiovasculares é silenciosa e cumulativa — elas se desenvolvem ao longo de anos ou décadas, muitas vezes sem dar sinais evidentes até que um evento grave aconteça.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que mais de 80% das doenças cardíacas podem ser prevenidas com mudanças no estilo de vida e controle de fatores de risco.

Quem deve procurar a prevenção primária?

Qualquer pessoa pode (e deve) investir em prevenção primária, especialmente:

  • Pessoas com histórico familiar de doenças cardíacas
  • Indivíduos com hipertensão, diabetes, obesidade ou colesterol alto
  • Tabagistas ou ex-tabagistas
  • Pessoas sedentárias ou com alimentação inadequada
  • Quem vive sob estresse crônico
  • Homens a partir dos 40 anos e mulheres após os 50, mesmo assintomáticos

Principais pilares da prevenção primária em cardiologia

  1. Avaliação de risco cardiovascular individualizada
    • O cardiologista realiza exames clínicos e laboratoriais para calcular o risco global de eventos cardiovasculares nos próximos 10 anos (como a Escala de Framingham ou o escore de cálcio coronariano).
    • Isso permite personalizar estratégias de prevenção conforme o risco de cada paciente.
  2. Mudança no estilo de vida
    • Alimentação balanceada (rica em frutas, vegetais, fibras e gorduras saudáveis)
    • Atividade física regular (150 minutos/semana de exercício moderado)
    • Controle do peso corporal e da circunferência abdominal
    • Cessação do tabagismo
    • Moderação no consumo de álcool
  3. Controle dos fatores de risco
    • Hipertensão arterial: manter pressão abaixo de 130×80 mmHg
    • Dislipidemia: controlar o colesterol LDL conforme o risco
    • Diabetes: manter glicemia e HbA1c dentro das metas
    • Síndrome metabólica: tratar de forma multidisciplinar
  4. Acompanhamento médico regular
    • Consultas periódicas permitem ajustar medicações, avaliar exames e manter a motivação para mudanças de hábito.
    • Em muitos casos, o cardiologista atua junto a nutricionistas, endocrinologistas e educadores físicos.
  5. Uso racional de medicamentos preventivos
    • Em pacientes de risco moderado ou alto, pode haver indicação de medicamentos como estatinas, antiplaquetários ou anti-hipertensivos — mesmo antes de qualquer evento clínico.

Exames importantes na prevenção primária

Além da consulta clínica, podem ser solicitados:

  • Eletrocardiograma (ECG)
  • Ecocardiograma
  • Teste ergométrico (teste de esforço)
  • Holter 24h (para arritmias)
  • MAPA 24h (pressão arterial)
  • Exames laboratoriais (colesterol, triglicerídeos, glicemia, função renal)
  • Escore de cálcio coronariano (tomografia que avalia a presença de placas nas coronárias, mesmo em pacientes assintomáticos)

Resultados que valem a pena

Diversos estudos mostram que estratégias de prevenção primária reduzem significativamente a ocorrência de infartos, AVCs e morte precoce. Entre eles:

  • O estudo INTERHEART demonstrou que 90% do risco de infarto pode ser atribuído a nove fatores modificáveis.
  • O estudo PURE mostrou que hábitos saudáveis impactam diretamente na sobrevida a longo prazo.

Conclusão

A prevenção primária é a forma mais eficaz, segura e econômica de cuidar do coração. Ela permite agir antes que os problemas comecem, promovendo saúde, qualidade de vida e longevidade.

Se você ainda não passou por uma avaliação cardiológica preventiva, este é o momento ideal para começar. O melhor cuidado é aquele que evita a doença.

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